Pode ser apenas um detalhe no produto. Mas quem pretende
investir em uma marca de sapatos no Brasil precisa de um diferencial para
abocanhar parte dos R$ 43,4 bilhões previstos para serem gastos no setor este
ano, 7,6% a mais em relação ao ano anterior, segundo dados do Ibope. Além
disso, o empreendedor precisa saber que a concorrência é grande: são mais de 8
mil empresas, 94% micro e pequenos negócios.
“O setor sempre oferece uma oportunidade e acolhe novas
propostas de empresas que tenham capacidade de apresentar algo diferente”,
destaca o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
(Abicalçados), Heitor Klein.
O professor de acessórios de moda da Faculdade Santa
Marcelina, Guto Marinho, reforça o coro da diferenciação. “Na primeira aula eu
pergunto: ‘Quais serão os diferenciais competitivos? Por que eu vou comprar o
seu e não o dele? Qual será seu apelo?’”, destaca. O conforto da peça também é
fator crítico para o sucesso. “A criação de um produto não envolve apenas se
ele é mais bonito que o outro. Ele pode até vender porque é bonito, mas se
machucar o pé o cliente não vai voltar.”
A empresária Luiza Perea já encontrou seu nicho. Na marca
que leva seu nome, ela apostou em sapatos femininos confortáveis, feitos
artesanalmente com design atemporal e saltos baixos. “Vemos que esse mercado é
muito carente. Muitas clientes falam que os sapatos que as escolhiam e não elas
escolhiam os sapatos”, diz Luiza, que conta atualmente com a irmã Mirela como
sócia.
Hoje, a marca tem uma loja na Vila Madalena e prepara o
lançamento do e-commerce no próximo mês. As irmãs vendem entre 200 e 230 pares
de sapatos por mês, com preços que oscilam entre R$ 450 e R$ 500. A aposta de
Sandro Yamada também é no calçado artesanal. E bem artesanal. É ele quem cuida
de todo o processo de fabricação e faz questão de costurar os sapatos a mão. “A
produção é lenta. Tiro as medidas, converso com o cliente sobre a necessidade,
gostos. Faço a modelagem, uma prova e, quando estiver tudo ‘ok’, vou fazer o
original”, conta Yamada, que leva até 35 dias para finalizar cada par de
calçados.
Quando Yamada começou a produzir os sapatos, a maioria dos
clientes era de homens. “Até porque comecei a fazer botas para mim e o público
masculino não é tão bem atendido como o feminino. Agora está quase igual”,
conta o empresário.
O preço de venda reflete o modelo de produção e os pares
custam entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. Por trabalhar com produtos exclusivos, ele
não descarta a criação de uma segunda marca, que envolva uma técnica de
fabricação mais simples a fim de atender um público maior.
Já o design diferenciado dos sapatos fez a Louloux ressurgir
no mercado. Depois da crise de 2008, o empresário Cristiano Bronzatto passou a usar
as sobras de materiais de coleções anteriores e voltou a crescer. Atualmente, a
marca tem três lojas, produz 6 mil pares de sapatos por mês e planeja uma
operação em Londres. “A marca tem um DNA muito forte. Temos um produto que as
pessoas identificam na rua”, conta Bronzatto, que vende sapatos com preço médio
de R$ 169.
Pequenos
A designer Daniela Gums, por outro lado, aposta em itens
para crianças com até seis anos. “Eu sempre trabalhei como estilista e quando
meus filhos nasceram eu tive dificuldade de encontrar calçados fáceis de calçar
e que encantassem”, conta a empresária. Ao encontrar um nicho, ela resolveu
abrir a Amoreco, um pequeno negócio que produz de acordo com a demanda,
atualmente em 2 mil pares por mês.
Fonte: Site da Abicalçados
Nenhum comentário:
Postar um comentário