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terça-feira, 3 de março de 2020

Feevale é a primeira universidade do Brasil a desenvolver veículo elétrico híbrido para área rural

Baterias do carro serão carregadas por energia solar, biocombustível e pela rede elétrica convencional 

A autonomia energética de propriedades distantes de centros urbanos, como grandes fazendas, é a preocupação de um projeto desenvolvido na Universidade Feevale. Em parceria com a empresa gaúcha Agrovec, o grupo de pesquisa Energias Renováveis e Eficiência Energética, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais, realiza a pesquisa Desenvolvimento de um veículo elétrico híbrido – solar e biomassa. Coordenado pelo pesquisador Moisés de Mattos Dias, o estudo visa desenvolver uma carreta agrícola híbrida: o veículo, anteriormente movido a gasolina, passará a contar com um motor elétrico, um módulo solar flexível e um gerador a biocombustível. 
Após ser fabricado na Agrovec – empresa localizada no bairro Canudos –, e passar por adaptações da estrutura mecânica para acoplamento do motor elétrico, o veículo passará por outras modificações, como a instalação de um módulo solar flexível no teto, bem como a instalação de um gerador a biocombustível (biometano e biodiesel). No Laboratório de Energias Renováveis, localizado no prédio Verde, e na Oficina Tecnológica, ambos no Câmpus II, em Novo Hamburgo, uma equipe multidisciplinar e formada por acadêmicos da Feevale, vem trabalhando no desenvolvimento do motor elétrico do veículo, bem como toda a sua parte elétrica-eletrônica, como o desenvolvimento de conversores e inversores, carregadores de baterias, e um controle a partir de microprocessadores. A ideia é que, em maio, essa etapa seja concluída e o carro possa retornar à Agrovec para as montagens finais. 
O motor padrão, movido a gasolina, está sendo substituído por um Motor Elétrico Síncrono de 9kW, com rotor construído a partir de processos de Metalurgia do Pó, em que blocos maciços de ferro foram compactados e sintetizados. O motor elétrico será alimentado por um conjunto de baterias, que poderão ser carregadas a partir das seguintes formas: 
por meio de energia fotovoltaica, fazendo uso de uma película solar flexível de 100W fixada no topo do veículo; 
pelo gerador a combustão de 5kW acoplado na traseira do veículo. O gerador foi modificado para trabalhar com fontes renováveis, como biometano e biodiesel, por convencionalmente funcionar, apenas, com diesel comum;
este conjunto também poderá ser carregado, alternativamente, pela rede elétrica, por meio de uma tomada convencional. 
O gerenciamento das baterias, assim como o controle do fornecimento de energia para o motor elétrico é realizado por microprocessadores e meios eletrônicos concebidos dentro dos laboratórios da Engenharia Eletrônica, no Câmpus II da Feevale. Outra contribuição interdisciplinar ao projeto se deu por meio da professora Patrice Monteiro de Aquim, que auxiliou na concepção de um revestimento de material reciclável para o banco.

Mais um protótipo a caminho 

A previsão é que a tecnologia possa ser aplicada comercialmente a partir de 2022. “Este protótipo ainda não poderá ser comercializado, pois servirá para estudo dos mais diversos, referentes ao desenvolvimento de veículos elétricos híbridos aplicados para a área agrícola”, explica Dias. Assim, existe a previsão do desenvolvimento de um segundo protótipo a partir de 2021, sendo que, neste outro veículo, serão realizadas as modificações necessárias para o desenvolvimento de um protótipo definitivo, ou seja, comercial.
De acordo com o pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Feevale, João Sganderla Figueiredo, a pesquisa liderada pelo professor Dias transmite mais que descoberta acadêmica cientifica. “Ela é fonte inspiradora de transformação de um novo ciclo econômico que devemos pensar. Sustentar a dinâmica do capital, com responsabilidade socioambiental. Sobretudo, novamente, vale destacar que, quando o setor privado acredita e potencializa os projetos de pesquisa, os problemas e suas descobertas se tornam cada vez mais reais”, afirma. O projeto tem parceria com a Agrovec Indústria de Equipamentos LTDA., JSA Engenharia LTDA. e Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). 

Sobre a Agrovec 

A Agrovec é uma empresa de pequeno porte localizada no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, que, desde 2003, fabrica veículos para aplicação agrícola. Conforme o sócio da montadora, Claudionor Wingert, este ainda é um mercado pouco explorado no Brasil, e a expectativa é que a parceria com a Feevale possa impulsionar esse segmento agroindustrial. “Queremos ser a primeira empresa a fabricar um veículo rural com motor elétrico híbrido no Brasil, pois essa é uma realidade muito próxima”, projeta. 

Integrantes do projeto 

Universidade Feevale 
Moisés de Mattos Dias – professor do PPG em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais 
Patrice Monteiro de Aquim – professora do PPG em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais 
Jonata Rocha Fett – acadêmico de Engenharia Eletrônica 
Nickolas Both – acadêmico de Engenharia Eletrônica 
Rafael Francisco Niada – egresso do PPG em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais 
Jorge Rogério Orba – técnico em mecânica da Feevale 
Gabriel Mateus Neumann – acadêmico em Engenharia Mecânica e bolsista 
Marco Frolich – acadêmico do PPG em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais 
Daniel Gallio Verona – mestre em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais 

Colaboradores externos 
Claudionor Wingert – Agrovec 
Giuseppe Wingert – Agrovec 
Israel Telles – Casa dos Motores 
Luiz Carlos Gertz – professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) 
José Lesina Cézar – professor da Ulbra 
Moisés Pereira – acadêmico do curso de Engenharia Mecânica Automotiva da Ulbra

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