O Espaço Cultural Dr. Liberato promove,até 22 de abril, a
exposição Travessia. A mostra do artista Juarez Sander, com a participação do
artista convidado Ives Vergara, reúne obras que mostram as verdades misturadas
ao imaginário, cenas possíveis e prováveis de uma época revolucionária. As
obras carregam o passado, retratam o presente e projetam o futuro da humanidade
em poucas gerações. A intenção é chamar o apreciador para uma reflexão sobre a
humanidade e como a tecnologia vem fazendo parte do cotidiano humano, e quais
os limites da interação tecnológica na sociedade. A partir da construção,
organização e aplicação do conhecimento pela humanidade, a vida cotidiana vem sofrendo
mudanças substanciais.
A rotina sossegada do campo logo foi substituída pela agitação
das grandes metrópoles, o tempo foi ficando escasso e nos emaranhamos em tramas
intermináveis de um universo de informações e compromissos. E o sossego e a paz
foram dando lugar para o stress trazido pelas telas, as interações virtuais, a
vida tecnológica substituindo a vida orgânica massacrando-a. A produção industrial em escala, a
valorização inconsequente do que é novo, uma sociedade que consome sem perceber
o impacto do seu consumo e um sistema opressor e excludente que fortalece a
desigualdade ao redor do mundo.
O futuro está traçado nas tendências e comportamentos do
presente, todos podem ver o futuro, e ele é nebuloso, se os padrões se
mantiverem. Os valores se modificaram, a globalização trouxe um emaranhado de
mudanças no cotidiano, a busca pelo acumulo de bens se tornou o jogo da vida, e
o ser ficou de lado. Lixo, poluição, riqueza, desigualdade, e todas as
patologias sociais encadeadas pela valorização do TER frente ao SER. E assim
nossas posses materiais nos afastaram de nós mesmos, e nos afastaram um do
outro, ao passo que a ciência vai descobrindo novas maneiras para prolongar a
nossa existência neste jogo de acúmulo e posses. E então aumentamos nossa
expectativa de vida, sem saber que nem estamos vivendo, estamos só trabalhando,
como máquinas. Pra que viver mais assim, qual a diferença?
E entre cartelas de Rivotril, maços de cigarro e martelinhos
de cachaça, vamos entorpecendo nossas frustrações até sermos tomados pela
realidade, pela concepção de uma nova vida, pela vida como ela deve ser, e o
SER retorna das profundezas do materialismo, enquanto nossas definições de vida
são atualizadas, e quem sabe finalmente acordemos para um verdadeiro estado de
plenitude. Por enquanto, admiramos
passivamente a transformação da realidade em nosso ambiente e em nossa mente,
mas, só por enquanto!
A mostra ocorre na Galeria Municipal de Arte de Campo Bom,
no Espaço Cultural Dr. Liberato. A visitação é de segunda-feira à sexta-feira
das 8 horas às 17h30 e sábado das 9 às 12h30.
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