Aos poucos o reflexo do dólar elevado começa a aparecer nas
exportações de calçados. Com um preço médio de US$ 6,87 por par, o mês de
setembro gerou US$ 81,76 milhões em exportações, 18,5% mais do que em agosto
(US$ 69 milhões). O número, que pode ser encarado como o início da tão esperada
recuperação, ainda é 9,3% menor do que o registrado em setembro de 2014 (US$
90,13 milhões). Com o resultado, no acumulado entre janeiro e setembro, os
calçadistas somaram 86,48 milhões de pares embarcados e uma receita de US$
694,8 milhões, número 11,9% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado
(US$ 789 milhões).
Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das
Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, a recuperação registrada em
setembro já é sinal da melhor cotação cambial. “Como o exportador tem custo em
moeda nacional, com o dólar elevado ele consegue formar um preço mais
competitivo no mercado internacional”, explica, acrescentando que, no entanto,
a recuperação mais substancial deve ocorrer no último mês do ano e início 2016,
quando chegam as coleções de verão negociadas nos meses de agosto e setembro.
“Os calçadistas tiveram bons resultados nas feiras internacionais de
primavera-verão. O fato, somado à elevação do dólar, deve melhorar os níveis de
exportações no final do ano e, principalmente, no primeiro semestre de 2016”,
projeta Klein. Por outro lado, como as perdas foram muito grandes no primeiro
semestre, dificilmente o segmento irá empatar com o resultado de 2014 (US$
1,067 bilhão).Além disso, as constantes oscilações no câmbio, ocasionadas por
fatores macreconômicos e também pela crise econômica e política pela qual passa
o País, trazem incertezas para o último trimestre. "Ainda é cedo para
imaginar que a recuperação deste mês possa manter-se nos próximos três
meses", comenta.
Estados
Entre janeiro e setembro o principal exportador de calçados
do Brasil foi o Rio Grande do Sul. No período, os gaúchos embarcaram 14 milhões
de pares por US$ 267,7 milhões, 7,6% menos do que no mesmo ínterim de 2014 (US$
289,8 milhões). O segundo exportador, também no acumulado, foi o Ceará, que
embarcou 34,38 milhões de pares que geraram US$ 179 milhões, número 18,4%
inferior ao registro do ano passado (US$ 219,4 milhões). São Paulo aparece no
terceiro posto, tendo embarcado 7,25 milhões de pares por US$ 94,56 milhões,
15,9% menos do que em 2014 (US$ 112,43 milhões).
Destinos
Nos nove meses de 2015, o principal destino do calçado
verde-amarelo foi os Estados Unidos. No período, os norte-americanos consumiram
7,7 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 137 milhões, 2,6% menos do que
em 2014 (US$ 140,63 milhões). A Argentina, ainda no segundo posto entre os
destinos, importou 6,2 milhões de pares brasileiros por US$ 53 milhões, 20,3%
menos do que no ano passado (US$ 66,55 milhões). A França fecha o pódio dos
consumidores do produto verde-amarelo no período. No ínterim os franceses
importaram 6,24 milhões de pares por US$ 41 milhões, 13,9% menos do que no
mesmo período de 2014 (US$ 47,73 milhões).
Árabes
Os destaques positivos dos nove meses do ano seguem sendo os
países árabes. Os Emirados Árabes importaram 1,42 milhão de pares por US$ 16,6
milhões, alta de 17,5% ante 2014 (US$ 14,14 milhões). A Arábia Saudita, por sua
vez, comprou 1,7 milhão de pares por US$ 16,9 milhões, 2,2% menos do que o
registro de 2014 (US$ 17,27 milhões). Para o executivo da Abicalçados, o número
é fruto de um trabalho intenso de inserção e promoção comercial realizado na
Região, especialmente nos Emirados Árabes, mercado-alvo do Brazilian Footwear,
programa de apoio às exportações de calçados mantido pela entidade calçadista e
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Importações em queda
O dólar elevado, além de tornar o produto brasileiro mais
competitivo além-fronteiras, torna o produto importado mais caro, melhorando o
desempenho das produtoras nacionais no varejo brasileiro. Entre janeiro e
setembro entraram no Brasil 27,78 milhões de pares por US$ 412,85 milhões, 8,4%
menos do que no mesmo ínterim de 2014 (US$ 450,7 milhões). As principais
origens seguem sendo os países asiáticos: Vietnã (US$ 224,27 milhões, queda de
16,1% ante 2014); Indonésia (US$ 100,82 milhões, alta de 19,9%); e China (US$
38,18 milhões, queda de 7,5%). (Fonte:
Imprensa Abicalçados)
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