Os eventos tradicionalistas de Campo Bom encerraram no
domingo (15), com expressivo número de visitantes e participantes das provas
artísticas e campeiras realizadas no 37º Rodeio Nacional de Campo Bom. Durante
11 dias de evento, que além do rodeio contou com os festivais 2º Acampamentinho
e 14º Acampamento da Canção Nativa e o 13º Bivaque da Poesia Gaúcha, mais de 85
mil pessoas passaram pelo Parque Municipal do Trabalhador (PMT), superando as
expectativas e firmando o Rodeio de Campo Bom entre os mais organizados e
estruturados do Estado. No último final de semana, cerca de 300 Centros de
Tradições Gaúchas (CTGs) e entidades tradicionalistas do Brasil participaram da
festa que contou, inclusive, com participantes do Distrito Federal e Santa
Catarina.
Tradicionalistas de todo o Rio Grande do Sul movimentaram a
área campeira do PMT durante o Rodeio realizado de 12 a 15. Os 35 melhores
ginetes do RS estavam presentes e participaram da emocionante prova de
Gineteada nas noites de sábado e domingo. O vencedor da disputa foi o ginete
Cristiano Jardel, que se destacou em uma competição acirrada entre 15
finalistas. As provas de tiro de laço também renderam grande participação de
laçadores, a maior da história do Rodeio de Campo Bom. Ao todo, cerca de 2 mil laçadores
participaram e cerca de 2.900 animais passaram pelo local.
A proposta de perpetuar costumes e investir para que a
cultura do Rio Grande do Sul, que tanto orgulha os gaúchos, não se perca no
tempo, foi cumprida à risca no Rodeio. Gerações de laçadores, ginetes e
tradicionalistas compareceram ao evento, mostrando a herança passada de pai
para filho como ocorreu na cancha de tiro de laço, onde os homens da família
Ferreira, de Três Coroas, laçaram unidos, numa tradição que vem desde muito
cedo. O pequeno José Henrique, 4 anos, e seu pai, Alessandro Ferreira, 33,
vieram até Campo Bom para laçar. “Participo do tiro de laço e trago meu filho
para laçar na vaca parada. Aprendi com meus familiares e ensino ele”, contou o
pai que não perde os rodeios de Campo Bom por considerá-lo um dos melhores. Na
família Cunha. a tradição também é passada de pai para filha, pois as mulheres
brilharam mais uma vez na cancha de laço do Parque. Vestida de camisa estampada
com a frase 'laço perfumado', usando brincos de ferradura e trança, a estudante Eduarda, 15, fez bonito na prova,
sem perder o charme feminino e com a parceria de sua égua também de tranças e
rabicós coloridos. “Essa tradição de laçar veio de berço. Com três meses já
estava acompanhando meus pais em rodeios. Com seis meses subia pelas primeiras
vezes no cavalo”, contou Eduarda que mesmo tão jovem já ganhou 37 rodeios.
Invernadas são um show a parte
As provas artísticas são um show a parte em qualquer rodeio
e, em Campo Bom, não é diferente. As invernadas, declamações e a chula
encantaram o público e deram um brilho especial ao 37º Rodeio Nacional de Campo
Bom. A emoção tomou conta dos espectadores que lotaram o Lonão onde as provas
se realizaram no ultimo sábado e domingo (dias 14 e 15) reunindo invernadas nas
categorias Adulta, Veterana, Juvenil e Mirim.
O título de campeã da Adulta ficou com a União Gaúcha João Simões Lopes
Neto, de Pelotas, a entidade tradicionalista mais antiga em exercício no Rio
Grande do Sul, com 111 anos. O grupo inovou na sua música de entrada, a Epopeia
Farroupilha, que contou, além dos dançarinos, com três cantores, que narraram
uma história de amor em meio à guerra dos Farrapos. A indumentária diferenciada
dos participantes chamou a atenção pelas peculiaridades da vestimenta inspirada
nos antigos charqueadores de Pelotas e inspiradas na moda francesa dos anos 20.
“Essa picha foi criada para parecer que eles participaram de saraus, por isso,
cada integrante vem com uma roupa diferente. Ela não é uma das pilchas
tradicionais dos gaúchos e muitas vezes é contestada”, explicou a posteira do
grupo, Greice Behling. O integrante da invernada, o dentista Marcos Bolfoni,
27, aprovou a primeira participação do grupo em rodeio nesse ano. “Apesar do
cansaço da viagem, o grupo se esforçou e conseguimos manter um bom nível nesse
rodeio que é muito importante”, ressaltou.
O CTG Rancho da Saudade, de Cachoeirinha, vai conquistando
títulos por onde passa e já tem história entre os primeiros colocados do Rodeio
de Campo Bom. Nesse ano, a invernada Juvenil conquistou o primeiro lugar. “Isso
é o reconhecimento de muito esforço e dedicação. Para mim essa vitória é ainda
mais especial, porque é minha despedida do grupo, mas ano que vem volto ao
Rodeio de Campo Bom, na invernada adulta”, conta a prenda Lilean Campaneli, 17.
Pela primeira vez se apresentando no Rodeio em casa, a
invernada Juvenil do CTG M’Bororé, de Campo Bom, caprichou na produção e nas
danças e conquistou o 2º lugar na categoria. “Trouxemos a mesma coreografia do
Juvenart em 2014, que nos rendeu o título de bicampeões. Apresentar na nossa
cidade é mais que especial e fiquei muito feliz com a postura dos nossos peões
e prendas no palco”, declara o instrutor do grupo, Luiz Silva.
Fonte: Imprensa PM Campo Bom
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