Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados (Abicalçados), apontam que, em março, os calçadistas exportaram 10,56
milhões de pares que geraram US$ 79,77 milhões, 12,5% menos do que no mesmo mês
de 2015 (US$ 91,14 milhões). Em pares, porém, a queda foi menor, de 2,3% frente
aos 10,8 milhões de pares exportados em março de 2015. Com a performance, os
calçadistas chegam ao trimestre acumulando o embarque de 31,84 milhões de pares
por US$ 226,75 milhões, queda de 6,1% ante mesmo período do ano passado (US$
241,56 milhões). Já no registro por volume houve estabilidade, com leve
incremento de 0,5% ante igual ínterim de 2015.
O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein,
ressalta que, mesmo caindo no comparativo com igual período do ano passado, a
receita gerada vem registrando aumentos mês a mês. Em janeiro a receita foi de
US$ 69,33 milhões e em fevereiro de US$ 77,65 milhões. “Existe uma recuperação
gradual, mas ainda está muito aquém do esperado para o período”, comenta, no
entanto não refuta a perspectiva positiva para o restante do ano. Para o
executivo, a oscilação cambial e a instabilidade política e econômica pela qual
passa o país vêm gerando insegurança no mercado internacional. “Em poucos meses
passamos de uma cotação de mais de R$ 4 para R$ 3,50 por dólar. A insegurança
gerada é muito grande. Os importadores esperam o melhor momento para fechar
negócios, o que acaba atrasando ou até inviabilizando embarques”, aponta. Por
outro lado, o fato de haver uma estabilidade no volume é visto como positivo
pelo executivo. “Não perdemos mercado e o dólar mais elevado, apesar de
instável, vem possibilitando uma formação de preço mais competitivo”, explica
Klein.
Estados
O maior exportador de calçados do Brasil segue sendo o Rio
Grande do Sul. Entre janeiro e março, os gaúchos exportaram 6,46 milhões de
pares por US$ 96,4 milhões, aumento tanto em receita gerada (de 9,5%) quanto em
volume exportado (44%) em relação a igual período do ano passado.
No segundo posto, o Ceará embarcou 12 milhões de pares por
US$ 62 milhões, quedas de 11,2% em volume e 9,1% em receita ante igual período
de 2015.
Com queda de 12% na receita gerada pelos embarques, São
Paulo aparece no terceiro posto entre os exportadores. No trimestre, os
paulistas embarcaram 2,55 milhões de pares por US$ 26,82 milhões. Em pares,
porém, o registro foi positivo em 29%.
Vendas para os EUA aumentam
Principal destino do calçado brasileiro desde a década de
1970, quando iniciaram as exportações de calçados, os Estados Unidos vinham
perdendo espaço nos últimos anos. No entanto, o trimestre demonstrou uma reação
importante daquele mercado. No primeiro trimestre foram embarcados 3,76 milhões
de pares por US$ 49,53 milhões, aumento tanto em receita (19,2%) quanto em
volume (19%) na relação com o mesmo período do ano passado.
O segundo destino do trimestre foi a França. Nos três
primeiros meses de 2016, os franceses compraram 4 milhões de pares verde-amarelos,
pelos quais foram pagos US$ 17,66 milhões, incrementos de 4,3% e 4,7%,
respectivamente, frente ao mesmo período de 2015.
A Argentina, destino que havia perdido força nos últimos
anos devido à política protecionista adotada pelo governo de Cristina Kirchner,
segue em recuperação. No trimestre, os argentinos consumiram 1,4 milhão de
pares brasileiros por US$ 17,43 milhões, crescimento de 72,4% em pares e 27,5%
em receita na relação com igual ínterim do ano passado. “O mercado argentino
vem surpreendendo positivamente, com uma recuperação robusta, mesmo com a
desvalorização da moeda local”, comenta Klein, ressaltando que a Argentina é um
dos melhores cases de sucesso de inserção de marca própria brasileira no
mercado internacional.
Importações
A valorização do dólar também tem impactado nas importações
de calçados. No trimestre, entraram no Brasil 8,17 milhões de pares por US$ 101
milhões, quedas de 27,6% em volume e 35,5% em valores na relação com igual
período de 2015.
No recorte de março a queda foi ainda maior. No mês passado,
foram importados 2,35 milhões de pares por US$ 30,3 milhões, quedas de 47,2% em
pares e 46% em dólares na relação com o mesmo mês do ano passado.
As principais origens das importações do trimestre foram
Vietnã (3 milhões de pares importados por US$ 54,16 milhões, queda de 36,3%);
Indonésia (1,23 milhão de pares por US$ 22 milhões, queda de 38,5%) e China
(3,33 milhões de pares por US$ 13,13 milhões, queda de 29,5%).
(Fonte:
Abicalçados)
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