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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A seara política


A seara política difere da prática da agricultura. Na lavoura, ou na pequena horta no fundo do quintal, colhemos o que plantamos. Ou seja, se planto tomates não colherei pepinos; se lanço na terra sementes de pepino não produzirei melancias. Na política, muitas vezes, planta-se abacaxis com o propósito de colher morangos (ou outro produto de maior valor). Se o campo é bom, melhor o resultado.

O episódio envolvendo o nome da vice-prefeita de Campo Bom é algo para ser refletido sem paixões, sem ranços. Numa primeira análise, encontro pelo menos três motivos para que alguém entrasse com um pedido de impitmam da Drª Suzana Ambros Pereira. Primeiro motivo: fazer justiça (se é que ela está cometendo alguma irregularidade); segundo motivo: denegrir a sua imagem (se ela representa algum risco de perda política); terceiro motivo: dividir a oposição (também pelo risco de perda, em ano de eleições).

É inegável que a Drª Suzana, eleita vice-prefeita na chapa de Faisal Karam, continua sendo nome importante no cenário político local. A oposição considera que sua adesão à chapa de Faisal foi decisiva no último pleito e sempre haverá a interrogação quanto ao resultado da eleição, tivesse a oposição formado a dobradinha Vicente Selistre/Suzana.

A ruptura do PMDB com o PT, iniciada em 2010 com a exoneração de cargos de confiança do Partido dos Trabalhadores, pode provocar uma reaproximação de Suzana com Vicente. Ocorre, porém, que o governo Faisal goza de boa reputação no seio da comunidade e a oposição não mete tanto medo como ocorria quatro anos atrás.

Simplesmente preterido do governo municipal, o PT poderia sentir-se fraco, mas essa remexida no nome da Drª Suzana reascende a sede pelo poder. Podem os petistas estarem pensando: “Se a vice foi importante na eleição de Faisal, por que não lançá-la como cabeça de chapa?” Pode pesar, também, o inquestionável conhecimento de Suzana na área da Saúde. Esse seria o ponto frágil da administração municipal e, consequentemente, numa disputa eleitoral.

Por fim, nessa análise preliminar, fica mais um questionamento: Vicente abriria mão de uma cabeça de chapa em prol da vice-prefeita? Caso contrário, dividindo a oposição (com candidaturas separadas) beneficiaria o PMDB, mais interessado no que poderá colher em outubro do que com o que planta hoje. Ah! Não se descarta a possibilidade de o PMDB pensar em saborear sozinho o manjar, sem lugar de destaque ao PP que hoje aparece com Marcos Riegel como provável candidato a vice.

Fernando Santos

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