Economistas divulgaram neste sábado (3) carta defendendo uma
retomada do crescimento econômico que preserve a inclusão social dos últimos
anos e avance na distribuição de renda. “O Brasil precisa retomar o quanto
antes o crescimento econômico, mas não a qualquer preço”, afirma o comunicado
do Sistema Cofecon/Corecon, que reúne os conselhos federal e regionais de
economia.
Os representantes dos conselhos estiveram reunidos até sexta-feira
(2) em Natal e debateram os desdobramentos econômicos e sociais da mudança de
governo. No último dia 31, o Senado Federal aprovou, por 61 votos a 20, o
afastamento definitivo da ex-presidente Dilma Rousseff. Com a decisão, Michel
Temer, vice na chapa de Dilma, passou de presidente interino e efetivo.
Segundo a carta dos economistas, o motivo da “avassaladora
pobreza” no Brasil é “a enorme concentração de renda”. Como mecanismo que
possibilita a concentração, o documento cita o modelo tributário.
Modelo tributário
“Não há como atender às crescentes demandas sociais sem mexer no nosso arcaico modelo tributário, na qual 72% da arrecadação de tributos se dão sobre o consumo (56%) e sobre a renda do trabalho (16%), ficando a tributação sobre a renda do capital e a riqueza com apenas 28%, na contramão do restante do mundo”, afirma o documento.
O comunicado ressalta que, optando pela Constituição de 1988, os brasileiros escolheram um sistema de seguridade social e educação pública e isso “naturalmente demanda crescentes recursos”. Os economistas criticam o fato de os gastos públicos serem apontados como vilões da crise econômica.
“É este sistema [de seguridade] que impede que, mesmo com forte queda do PIB [Produto Interno Bruto, soma das riquezas de um país] e do nível de emprego, não tenhamos hordas de flagelados, saques de supermercados e quebra-quebra nas periferias das metrópoles”, diz o documento.
Os economistas criticam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que vincula o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior. Acreditam, ainda, que as anunciadas reformas da Previdência e trabalhista podem trazer “injustiças” e “incertezas” para os brasileiros. (Fonte: Agência Brasil)
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