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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Argentina volta a dar dor de cabeça aos calçadistas

Depois de uma trégua de dez meses, a Argentina voltou a provocar dor de cabeça nos exportadores de calçados. Isso porque, no mês passado, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) recebeu algumas reclamações por parte de empresas associadas quanto à adoção de ações protecionistas na Argentina.
O presidente-executivo da entidade, Heitor Klein, explica que não é nada nos moldes das Declarações Juramentadas Antecipadas de Importações (DJAIS), que tanto prejudicaram a atividade no governo de Cristina Kirchner. “A barreira que antes era declarada, agora é velada”, avalia. Segundo ele, o problema agora está na demora para a liberação das licenças, que já excedem os 60 dias regulamentados pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Relatos dos distribuidores locais esclarecem que, informalmente, os funcionários encarregados do registro de pedidos de importação não estão aceitando novas solicitações e informando que para o corrente ano não serão liberadas licenças, sob a alegação de que as importações de 2016 não poderão exceder as importações do ano de 2015.
Prejuízo
Conforme levantamento da Abicalçados, as licenças pendentes já ultrapassam US$ 2,2 milhões em calçados. “Além desses, temos outros US$ 3 milhões em licenças que não foram nem protocoladas. Como muitos dos produtos são de moda, ou seja, têm um timing para chegar às vitrines, corremos sérios riscos de que os negócios sejam perdidos. Outra grande preocupação é que essa barreira aparece no momento das festas de final de ano”, lamenta Klein, ressaltando que o prejuízo pode ser muito superior aos US$ 5,2 milhões registrados até agora. 
O executivo ressalta que a barreira aparece justamente num momento de franca recuperação  das exportações de calçados brasileiros para a Argentina, sendo um sinal negativo que pode ter reflexos fortes na atividade. “A Argentina, como o nosso segundo principal mercado no exterior, tem papel importantíssimo na balança comercial, na geração de postos e empregos”, comenta o dirigente.
Números
A Argentina é o segundo principal destino do calçado brasileiro no exterior, tendo comprado o equivalente a US$ 83 milhões entre janeiro e setembro deste ano, 51% mais do que no mesmo período do ano passado.

O receio da Abicalçados é de que, com parcas reservas internacionais, o governo argentino passe a criar barreiras para as importações de calçados brasileiros. “As autoridades brasileiras, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) já foram alertadas sobre a questão e os impactos que causam na atividade”, concluiu Klein.

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