A Trensurb promoveu, na noite de quarta-feira (17), apresentação pública do relatório final dos estudos de viabilidade técnica, econômica e financeira da extensão da Linha 1, trecho Novo Hamburgo-Sapiranga. O encontro foi realizado na Câmara de Vereadores de Sapiranga, contando com a presença de autoridades e lideranças da região. Os resultados do estudo conduzido pela Oficina Consultores apontam inviabilidade de expansão da linha metroviária, porém o uso de tecnologias alternativas como o aeromóvel e o veículo leve sobre trilhos (VLT), segundo o engenheiro Arlindo Fernandes, da empresa contratada responsável, “tem viabilidade social, mas é de alto investimento”.
“Nosso trabalho, que nasceu como a análise de extensão da
linha do metropolitano, tornou-se mais complexo”, explicou Fernandes.
“Descartamos o trem metropolitano por sua capacidade, que pode chegar a cerca
de 40 mil passageiros por hora por sentido, o que seria um exagero”, relatou
seu colega, o engenheiro Ruy Grieco. A necessidade de se encontrar uma solução
para a demanda, segundo Fernandes, resultou num projeto funcional de duas
alternativas com características equivalentes: aeromóvel e VLT. “Soluções de
natureza mais leve são adequadas, apropriadas, até porque essas soluções
normalmente vêm junto à questão urbanística de valorização, de ampliação da
ocupação, diferente de um sistema mais pesado, pendular, que fortalece as
centralidades urbanas”, afirmou Arlindo Fernandes. Grieco ressaltou que os
estudos foram desenvolvidos com base numa pesquisa multicritérios para que se
buscasse a solução mais adequada com base em fatores como demanda, custos de
implantação, interferência urbana e possíveis dificuldades construtivas.
Dessa forma, chegou-se a um traçado de 16,5 quilômetros da
Estação Novo Hamburgo do metrô até o Centro de Sapiranga, com um total de 16
estações, que seria dividido em três fases de implantação: a primeira, com 5,1
quilômetros e oito estações, da Estação Novo Hamburgo até as imediações da
Avenida São Leopoldo, próximo ao limite entre os municípios de Novo Hamburgo e
Campo Bom, passando pela Rua Vitor Hugo Kunz; a segunda, com 4,3 quilômetros e
quatro estações, até a Estação Rodoviária de Campo Bom, passando pela Avenida
Brasil; a terceira, com 7,1 quilômetros e quatro estações, até o Centro de
Campo Bom, passando pelas rodovias RS-010 e RS-239. O tempo total de trajeto
seria de aproximadamente 35 minutos, com intervalo mínimo de seis minutos entre
viagens. No ano horizonte de 2045, a demanda por dia útil prevista para a linha
seria de 24 mil passageiros.
O investimento total estimado de implantação da tecnologia
aeromóvel no trecho proposto seria de R$ 1,45 bilhão de reais, enquanto o
custeio anual seria de R$ 22,3 milhões. No caso da tecnologia VLT, a
implantação demandaria um investimento de 1,15 bilhão e o custeio anual seria
de R$ 24,1 milhões. A tarifa técnica para custeio da operação do sistema seria
de aproximadamente R$ 3.
Os benefícios gerados pela implantação da linha,
considerando-se economia de tempo e quilometragem de viagens, combustíveis,
diminuição da poluição e a valorização urbanística, quando monetarizados,
seriam de cerca de R$ 100 milhões anuais. Num horizonte de 30 anos, a valor
presente líquido, esses benefícios chegariam a R$ 1,17 bilhão, com taxas
internas de retorno econômico de 7,4% para o aeromóvel e 11,4% para o VLT.
Dessa forma, o projeto pode ser considerado economicamente viável em ambas as
tecnologias. “Ambas promovem benefícios para a sociedade que são superiores aos
custos de investimento trazidos a valor presente”, ressaltou Arlindo Fernandes,
da Oficina Consultores. “Há viabilidade do ponto de vista de retorno social,
mas um alto investimento a ser feito e é naturalmente algo a ser eventualmente
construído”, completou. Fernandes afirmou, ainda, que há a possibilidade de
outras soluções não excludentes a estas como, por exemplo, o sistema de BRTs.
Em sua fala no evento, Humberto Kasper, diretor-presidente
da Trensurb, afirmou que a empresa “vem cumprir mais uma etapa daquele
compromisso que tem de atender às demandas da sociedade, procurar discuti-las
isentamente, do ponto de vista técnico”. Kasper ressaltou que se tratou de uma
prestação de contas à sociedade após a contratação e realização do estudo
demandado pela comunidade da região. “Os resultados talvez não atendam às
expectativas de todos, mas são eles que embasam, que vão justificar ou não
investir em determinada modalidade de transporte aqui”, declarou. O
diretor-presidente esclareceu que a Trensurb é uma empresa operadora e que um
eventual investimento para a implantação da linha depende de uma discussão na
sociedade. De qualquer forma, Kasper agradeceu e parabenizou os envolvidos na
busca pelos recursos que garantiram a realização do estudo de viabilidade, que
é um primeiro passo fundamental para que talvez um dia a linha seja
concretizada.
Representaram também a Trensurb na apresentação pública o
superintendente de Desenvolvimento e Expansão, Nazur Garcia, empregados e
gestores da empresa. Estiveram presentes na ocasião: a prefeita de Sapiranga,
Corinha Molling; o prefeito de Campo Bom, Faisal Karam; o secretário de
Segurança e Mobilidade Urbana de Novo Hamburgo, Egon Kirchheim; o presidente da
Câmara de Vereadores de Sapiranga, Vilmar Machado; o presidente da Câmara de
Vereadores de Campo Bom, Alexandre Hoffmeister; o presidente da Câmara de
Vereadores de Nova Hartz, Valentin Melo; lideranças dos municípios da região.
Foto: Kauê P. Menezes/Trensurb
Fonte: Site Trensurb
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