O dólar valorizado sobre o real, embora ainda volátil, e a
qualidade do sapato brasileiro é a mistura perfeita para o incremento das
exportações. Apesar disso, foi só no último mês do primeiro semestre que a
projeção foi refletida mais fortemente nos números. Conforme dados elaborados
pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), em junho
foram embarcados 9,3 milhões de pares por US$ 84 milhões, alta de 12,5% em
volume e 7% em dólares na relação com o mesmo mês do ano passado. No comparativo com o mês de maio, a alta é
ainda mais significativa, de 11% em volume e 17% em faturamento. Com o
resultado, os calçadistas fecham o primeiro semestre do ano com 58 milhões de
pares embarcados por US$ 451,47 milhões, números 3,3% superiores em volume e
2,7% inferiores em receita no comparativo com igual período do ano passado.
Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, é
cedo para falar em retomada dos embarques, especialmente levando em
consideração a volatilidade cambial e o momento econômico e político conturbado
pelo qual passa o Brasil. “O câmbio volátil não traz segurança para os
negócios. Por vezes, é melhor um câmbio mais baixo do que flutuando diariamente
da forma que está”, comenta o executivo. Segundo ele, o quadro de incertezas
torna impossível qualquer prognóstico até o final do ano. “No início do ano, com
o dólar valorizado e chegando a casa de R$ 4, tínhamos uma expectativa muito
mais positiva, mas que foi arrefecendo ao longo do semestre”, acrescenta
Klein.
Por outro lado, o executivo destaca os esforços dos
calçadistas no exterior. “O nosso produto está presente em mais de 150 países
de todo o planeta. Temos convicção de que, superados os problemas brasileiros
de competitividade e com um câmbio mais estável, conseguiremos alavancar as
exportações e, quem sabe, chegar ao patamar de quase US$ 2 bilhões anuais em
exportações que tivemos outrora”, avalia.
Estados Unidos
Entre janeiro e junho, destaque para o desempenho dos
Estados Unidos, que compraram 6,3 milhões de pares verde-amarelos por US$
102,54 milhões, altas de 24,3% em volume e 17,4% em dólares na relação com
igual período do ano passado. “Desde os primeiros embarques de calçados
brasileiros, no final da década de 60, os Estados Unidos são o nosso principal
mercado. A questão é que, por problemas de competitividade interna, acabamos
perdendo uma fatia importante daquele mercado para o produto asiático. Hoje,
com o câmbio mais favorável e a recuperação da economia estadunidense estamos
gradualmente retomando o nosso caminho naquele mercado”, comemora o executivo.
O segundo principal destino do semestre foi a Argentina.
Entre janeiro e junho, os hermanos importaram 3,32 milhões de pares pelos quais
pagaram US$ 41,43 milhões, 85,3% mais em pares e 56,8% mais em dólares no
comparativo com igual período do ano passado. Para Klein, trata-se de uma resposta
clara ao fim das políticas protecionistas empenhadas pela ex-presidente
Cristina Kirchner, que represava os calçados brasileiros em troca da Declaração
Juramentada Antecipada de Importação (DJAI) – considerado ilegal pela OMC.
“Existia uma demanda represada no mercado argentino”, comenta Klein.
O terceiro destino do produto brasileiro no semestre foi a
França. Para lá foram embarcados 4,75 milhões de pares por US$ 28,56 milhões,
resultados inferiores tanto em pares (-1,7%) quanto em valores (-6,2%) na
relação com igual período do ano passado. Na sequência, a Bolívia aparece
importando 3,67 milhões de pares por US$ 23,68 milhões, número 11,8% superior
em pares e 4,2% inferior em receita na relação com igual ínterim de 2015.
Rio Grande do Sul
No primeiro semestre, o Rio Grande do Sul seguiu como o
principal exportador de calçados do Brasil. No período, os gaúchos embarcaram
13 milhões de pares por US$ 195 milhões, números superiores tanto em volume
(44,6%) quanto em faturamento (11,2%) no comparativo com o primeiro semestre do
ano passado. Com o resultado, a indústria do Rio Grande do Sul respondeu por
43% do total gerado com exportações de calçados no período.
O segundo maior exportador de calçados do semestre foi o
Ceará. No período, os cearenses embarcaram 21,2 milhões de pares por US$ 116,85
milhões, registros 5,5% inferiores em pares e 1,8% menores em receita na
relação com o mesmo período do ano passado.
Apesar de registrar queda importante na receita gerada pelas
exportações de calçados no semestre, São Paulo segue no terceiro posto entre os
exportadores do produto. No período, os paulistas embarcaram 5,14 milhões de
pares por US$ 55,13 milhões, números 10,8% superiores em pares e 17,4%
inferiores em receita no comparativo com 2015.
Importações
O dólar elevado somado à queda na demanda interna por
calçados segue inibindo as importações do produto no Brasil. No semestre,
entraram no País 12,54 milhões de pares por US$ 174,7 milhões, registros
inferiores tanto em volume (-35%) quanto valores (-38,3%) na relação com igual
período do ano passado. As principais origens seguem sendo os países asiáticos:
Vietnã (5,2 milhões de pares por US$ 94,64 milhões, 36,2% menos do que em
2015); Indonésia (2 milhões de pares por US$ 37 milhões, 49,7% menos do que em
2015); e China (4,18 milhões por US$ 21,28 milhões, 25% menos do que em 2015).
Em partes de calçados - cabedais, palmilhas, solados, saltos
etc – as importações chegaram a US$ 24,46 milhões no semestre, 26,2% menos do
que em 2015. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã. (Fonte: Abicalçados)
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